terça-feira, 30 de novembro de 2010

Capitulo 8

 8
.........
Ronnie
Blaze levou Ronnie para o restaurante onde ela tinha visto em seu
passeio pelo distrito comercial, e Ronnie teve que admitir que ele tinha
algum encanto, principalmente se voce gostar dos anos 50. Havia um
antiquado balcao rodeado com banquinhos, o chao era preto e branco, e
cabines de vinil vermelho rachado que cobriam as paredes. Atras do
balcao, o cardapio foi escrito em um quadro negro, na medida que Ronnie
olhava poderia dizer, e que a unica mudanca nos ultimos trinta anos foram
os precos.
Blaze pediu cheeseburger, um shake de de chocolate, e batatas fritas;
Ronnie nao conseguiu decidir e pediu apenas uma coca diet. Ela estava
com fome, mas ela nao sabia exatamente que tipo de oleo usavam na
frigideira, e nem, aparentemente, foi mais ninguem no restaurante. Ser
vegetariana nem sempre foi facil, e houve momentos que ela queria
desistir dessa coisa toda. Como quando ela estava com a barriga
roncando. Como agora.
Mas ela nao queria comer aqui. Ela nao podia comer aqui, nao porque ela
era uma vegetariana no principio, mas porque ela era vegetariana-porqueela-
nao-quer-se-sentir-doente. Ela nao se importa com o que as outras
pessoas comiam; era so que sempre ficava pensando de onde vinha a
carne, ela iria imaginar um pe de vaca em um pasto ou o porquinho Babe,
e ela se sentia enjoada.
Embora, Blaze parecia feliz. Depois que acabou, ela recostou-se na
cabine. "O que voce acha do lugar?" ela perguntou.
"É limpo. E é bem diferente."
"Eu tenho vindo aqui desde que eu era criança. Meu pai costumava me
trazer todos os domingos depois da Igreja para um shake de chocolate.
Eles sao os melhores. Comecaram seu sorvete em algum lugar
minusculo, na Georgia, mas e incrivel. Voce deve comer um."
"Eu nao estou com fome."
"Voce esta mentindo." Blaze disse. "O que quer que seja, eu ouvi seu
estomago roncar. O prejuizo é seu. Mas obrigada por isso."
"Nao e grande coisa."
Blaze sorriu. "Entao, o que aconteceu ontem a noite? Voce é... famosa ou
algo assim?"
"Por que você esta perguntando isso?"
"Por causa do policial e da maneira como ele escolheu voce e levou para
fora. Tinha que haver alguma razao."
Ronnie fez uma careta. "Eu acho que meu pai disse-lhe para me
encontrar. Ele nem sabia onde eu morava."
"Que saco ser voce." Quando Ronnie riu, Blaze pegou o saleiro. Depois
de jogar na mesa comecou a moldar com o dedo em uma pilha.
"O que voce achou do Marcus?" ela perguntou.
"Eu realmente nao falei com ele. Por que?"
Blaze parecia escolher suas palavras cuidadosamente. "Marcus nunca
gostou de mim." ela disse. "Quero dizer, foi aumentando. Nao posso
dizer que gostava dele tambem. Ele era sempre gentil... voce sabe o que
significa? Mas entao, eu nao sei, um par de anos atras, as coisas
mudaram. E quando eu realmente precisava de alguem, ele ficou comigo."
Ronnie assistiu a pilha de sal crescer. "E?"
"Eu apenas queria que voce soubesse."
"Tudo bem." ela disse. "Seja o que for."
"Voce tambem."
"Do que voce esta falando?"
Blaze raspou algumas unhas pintadas de preto. "Eu costumava competir
na ginastica, e possivelmente por quatro ou cinco anos, foi a coisa mais
importante da minha vida. Acabei desistindo por causa do meu treinador.
Ele era um cara durao, sempre dizia o que voce fez de errado, e nunca
cumprimentava quando voce faz algo certo. Enfim, eu estava desfazendo
um novo exercicio, e ele marchou gritando para mim a maneira correta da
posicao e eu tinha que congelar tudo e ouvir ele gritar cerca de um milhao
de vezes. Eu estava cansada de ouvir isso, voce sabe? Entao eu disse,
'Seja o que for' e ele agarrou meu braço com tanta forca que deixou
hematomas. Enfim, ele me diz: 'Voce sabe o que esta dizendo quando
voce diz: Seja o que for? É apenas uma palavra codigo para a palavra
com F, e seguido por 'voce'. E na sua idade, voce nunca, nunca deve
dizer a qualquer um.' Blaze recostou-se. "Portanto, agora, quando
alguem diz isso para mim, eu digo "Voce tambem" Logo em seguida, a
garçonete chegou com sua comida, e ela colocou na frente delas um
refipiente florescer. Quando ela se foi, Ronnie pegou seu refrigerante.
"Obrigada pela historia de superacao."
"Seja o que for."
Ronnie riu, gostava do seu senso de humor.
"Entao, qual foi a pior coisa que ja fez?"
"O que?"
"Estou falando sério. Eu sempre faço essa pergunta para as pessoas.
Acho interessante."
"Tudo bem." rebateu Ronnie."Qual a pior coisa que voce ja fez?"
"Isso é fácil. Quando eu era pequena, eu tinha esta vizinha - Sra.
Banderson. Ela nao era a senhora mais agradavel, mas nao era uma
bruxa. Quer dizer, nao e como ela trancou as portas no Dia das Bruxas ou
nada. Mas ela realmente estava em seu jardim, entende? E seu gramado.
Quero dizer, se alguma vez ela atravessou nosso caminho para o onibus
da escola, ela vem atacada para fora, gritando que estavamos arruinando
a grama. Enfim, na primavera, ela plantou todas as flores em seu jardim.
Centenas delas. Era lindo. Bem, la estava o rapaz chamado Billy, ele nao
gostava muito da Sra Banderson, tambem, porque uma vez ele tinha
jogado uma bola e entrou em seu quintal , ela nao queria devolve-la.
Entao, um dia, estavamos cutucando em torno de seu jardim, e nos
deparamos com um grande spray cheio de herbicida. O assassino da erva
daninha? Bem, eu e ele depois de uma noite escura pulverizamos todas
as flores novas, nao me pergunte o porque. Acho que no momento pensei
que seria engracado. Nao era grande coisa. Basta apenas comprar novas,
certo? Voce nao poderia dizer de imediato, e claro. Demora alguns dias
para fazer efeito. E Sra. Banderson estava la todo dia, regando e
arrancando as ervas daninha e comecou a perceber que todas as suas
flores novas estavam murchando. Na primeira, eu e Billy rimos disso, mas
depois comecei a notar que ela estaria la fora, antes da escola tentando
descobrir o que havia de errado, e ela ainda estaria la quando voltasse da
escola. E ate o final da semana, todas elas morreram."
"Isso é terrivel", Ronnie gritou, apesar de estar rindo de si mesma."
"Eu sei. Eu ainda me sinto mal sobre isso. É uma daquelas coisas que eu
gostaria de desfazer."
"Alguma vez você disse a ela? Ou ofereceu para substituir as flores?"
"Meus pais teriam me matado. Mas eu nunca, nunca mais atravessei seu
gramado de novo."
"Wow."
"Como eu disse, e a pior coisa que ja fiz. Agora e a sua vez."
Ronnie pensou nisso. "Eu fiquei sem falar com meu pai durante tres
anos."
"Eu ja sei disso. E nao é assim tao mau. Como eu disse, eu tento nao
falar com meu pai. E minha mãe nao tem ideia de onde estou a maior
parte do tempo."
Ronnie desviou o olhar. Em cima havia um jukebox com uma foto de Bill
Haley & His Comets.
"Eu costumava furtar." ela disse, submissa. "Muito. Nada grande. Era
mais para sentir a emocao de fazer isso."
"Para usar?"
"Mais nao. Eu pegava. Na verdade, eu peguei só duas vezes, mas a
segunda vez foi um acidente. Fui para o Tribunal, mas as acusacoes
continuaram por um ano. Basicamente, isso significa que se eu nao ficar
em apuros novamente, as acusações serão anuladas."
Blaze baixou o hamburguer. "É isso? Essa foi a pior coisa que voce ja
fez?"
"Eu nunca matei flores de ninguem, se é isso que voce quer dizer.E
nunca vandalizei."
"Voce nunca trancou seu irmao no banheiro? Ou bateu o carro? Ou
raspou o gato ou algo assim?"
Ronnie deu um pequeno sorriso. "Não."
"Voce é provavelmente a adolescente mais chata do mundo."
Ronnie riu novamente antes de tomar um gole de seu refrigerante.
"Posso lhe fazer uma pergunta?"
"Va em frente."
"Por que voce nao voltou para casa na noite passada?"
Blaze pegou uma pitada de sal que tinha empilhado e colocou em suas
fritas. "Eu nao quero."
"E sua mae? Sera que ela nao ficara maluca?"
"Provavelmente." Blaze disse. De lado, a porta do restaurante se abriu e
Ronnie virou-se para ver Marcus, Teddy, e Lance andando para seu
balcao. Marcus vestia uma camiseta estampada com uma caveira, e uma
corrente pendurada no cinto da calca jeans.
Blaze fugiu para o outro lado, mas estranhamente, Teddy colocou um
assento do lado dela enquanto Marcus se espremia ao lado de Ronnie.
Lance puxou uma cadeira de uma mesa ao lado e capotou ao redor antes
de se sentar, Marcus alcançou o prato de Blaze. Teddy e Lance pegaram
automaticamente suas batatas.
"Ei, é da Blaze!" Ronnie gritou, tentando impedi-los. "Compre seu
proprio."
Marcus passou de uma para outra. "Sim?"
"Está tudo bem." Blaze disse, empurrando seu prato para ele.
"Realmente. Eu nao vou conseguir comer tudo de qualquer maneira."
Marcus pegou o ketchup, agindo conforme provou seu designio. "Entao o
que voces duas estavam falando? Da janela, parecia intenso."
"Nada." Blaze disse.
"Deixe-me adivinhar. Ela estava falando a voce sobre o namorado sexy
de sua mae e seus atos trapezios tarde da noite, certo?"
Blaze se mexeu em seu lugar. "Nao seja grosseiro."
Marcus olhou franco para Ronnie. "Ela lhe contou sobre a noite que um
dos namorados de sua mae entrou furtivamente em seu quarto? Ela era
como, 'Voce tem quinze minutos para começar o inferno fora daqui.'"
"Cala a boca, certo? Isso nao e engraçado. E nós nao estavamos falando
sobre ele."
"Seja como for." disse ele, sorrindo.
Blaze pegou seu shake e Marcus comecou a comer o hamburguer. Teddy
e Lance pegaram mais fritas, e durante os proximos minutos, os tres
devoraram o que estava no prato. Para o espanto de Ronnie, Blaze nao
disse nada, e Ronnie nao perguntou sobre isso.
Ou, na verdade, ela nao quis saber. Parecia obvio que Blaze nao queria
que Marcus ficasse bravo com ela, assim ela tem que deixa-lo fazer o que
ele quiser. Ela ja tinha visto isso antes: Kayla, com todas as suas posturas
dificeis, era da mesma forma quando se tratava de homens. E, em geral,
a tratava como uma sujeira.
Mas ela nao quis dizer isso aqui. Ela sabia que so pioraria as coisas.
Blaze bebeu seu milk-shake e colocou de volta a mesa. "Então o que
voces vão fazer depois disso?"
"Estaremos fora." Teddy resmungou. "O nosso velho homem precisa de
mim e de Lance para trabalhar hoje."
"Eles são irmaos." Blaze explicou.
Ronnie os observou, nao vendo nenhuma semelhanca. "Sao?"
Marcus terminou o hamburguer e empurrou o prato para o centro da
mesa. "Eu sei. É dificil de acreditar de como dois pais conseguiram ter
dois filhos tao feios, hein? De qualquer forma, e um motel pedaco-de-merda
apenas sobre a ponte. Os canos tem centenas de anos, e o
trabalho de Teddy e mergulhar nos banheiros quando sao entupidos."
Ronnie franziu o nariz, tentando imaginar. "Sério?"
Marcus assentiu. "Grosseiro, huh? Mas nao se preocupe com o Teddy.
Ele é otimo nisso. Um verdadeiro prodigio. Ele realmente gosta disso. E
Lance trabalha limpando os lençóis após do meio-dia depois dos rolos das
multidoes."
"Eca." Ronnie disse.
"Eu sei. E totalmente nojento." Blaze acrescentou. "E voce deve saber
que algumas pessoas vao de hora em hora. Voce podia pegar uma
doença apenas entrando no quarto."
Ronnie nao tinha certeza que como responder a isso, em vez disso, voltou
para Marcus. "Entao, o que voce faz?" perguntou ela.
"Tudo o que eu quero." respondeu ele.
"Como assim?" Ronnie desafiou.
"Por que voce se importa?"
"Eu nao." ela disse, mantendo a voz calma. "Eu estava so perguntando."
Teddy agarrou a ultima batata frita do prato de Blaze. "Isso significa que
ele fica no motel conosco. Em seu quarto."
"Voce tem um quarto no motel?"
"Eu moro la." Ele disse.
A pergunta era obvia, ela esperou por mais, mas Marcus ficou quieto. Ela
suspeita que ele quer que ela tente burlar a informação para fora dele.
Talvez ela estivesse vendo demais, mas ela teve a subita sensacao que
ele queria que ela se interessasse por ele. Queria que ela gostasse dele.
Mesmo Blaze estando la.
Suas suspeitas foram confirmadas quando ele pegou um cigarro. Depois
que acendeu, soprou a fumaca em direcao de Blaze, e virou-se para
Ronnie.
"O que voce vai fazer esta noite?" ele perguntou.
Ronnie deslocou-se do seu lugar, se sentindo desconfortavel. Parecia que
todos, incluindo Blaze, estava a espera de sua resposta.
"Por que?"
"Nós estamos querendo ir para o Bower Point. Nao apenas nos. Um
grupo de pessoas. Eu quero que voce venha. Sem policia na hora."
Blaze estudou a mesa, brincando com a pilha de sal. Quando Ronnie nao
respondeu, Marcus levantou-se da mesa e dirigiu-se para porta sem volta.
......

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sétimo capítulo

7
...♪...
Will
Will em baixo da Ford Explorer em seu uniforme, observando o
vazamento de óleo simultaneamente, fazendo o seu melhor para ignorar
Scott, coisa fácil de dizer do que fazer. Scott tinha ido discursar sobre a
noite anterior a ele, desde que eles chegaram para trabalhar naquela
manhã.
“Olha, você estava pensando tudo errado sobre isso,” Scott continuou,
ainda tentando outro rumo. Ele foi buscar três latas de óleo e colocou na
prateleira ao lado dele. “ Há uma diferença entre fazer sexo e voltar a ficar
juntos.”
“ Nós ainda não acabamos com isso?”
“ Nós acabaríamos se você tivesse alguma percepção. Mas de onde
estou, é óbvio que você se confundiu. Ashley não quer voltar com você.”
“Eu não estava confuso”, Will disse. Ele limpou as mãos em uma toalha. “
Isso é exatamente o que ela estava pedindo.”
“ Isso não é o que Cassie me disse.”
Ele abandonou a toalha e pegou sua garrafa de água. O pai dele tem uma
loja especializada em reparos de freios, troca de óleo, troca de peças,
troca e alinhamento de pneus, e seu pai sempre quis o lugar para ver se o
piso havia sido encerado e agora o local abriu para os negócios.
Infelizmente, o ar condicionado não tinha sido tão importante para ele, e
no verão, a temperatura estava em algum lugar entre o Mojave e o
Sahara. Ele tomou um longo gole, terminando a garrafa antes de tentar
passar para Scott novamente. Scott está longe de ser a pessoa mais
teimosa que ele já tinha conhecido. O cara podia levar nozes a sério.
“ Você não conhece Ashley como eu.” Ele suspirou. “ E, além disso, isso
começou e acabou. Eu não sei por que você continua falando sobre isso.”
“ Você quer dizer além do fato que Harry não conhecia Sally na noite
passada? Porque eu sou seu amigo e me importo com você. Eu quero
que você aproveite este verão. Eu quero aproveitar este verão. Eu quero
aproveitar Cassie.”
“ Então saia com ela, depois.”
“ Como se fosse tão fácil. Olha, na noite passada eu sugeri a mesma
coisa. Mas Ashley ficou tão chateada que Cassie não queria deixá-la.”
“Eu estou realmente triste por não dar certo.”
Scott estava incerto. “ Yeah, eu posso dizer.”
Por aquele ponto, havia escorrido óleo. Will pegou as latas e levantou-se
enquanto Scott em baixo para substituir o plug e despejar o óleo usado no
barril de reciclagem. Enquanto Will abria a lata e ajeitava o funil, ele olhou
para Scott em baixo. “ Ei, por falar nisso, você viu a garota que parou a
briga?”, perguntou ele. “A que ajudou o menino encontrar sua mãe?”
Levou um momento para registrar as palavras. “ Quer dizer a garota
vampiro com a camisa de desenho animado?”
“ Ela não é um vampiro.”
“ Sim, eu a vi. No pequeno lado, tinha uma feia camada roxa no cabelo
dela, unha com esmalte preto? Você derramou refrigerante nela, lembra?
Ela pensou que você cheirou.”
“ O quê?”
“ Eu só estou dizendo”, ele disse, pegando a lata. “ Você não notou sua
expressão depois que bateu nela, mas eu vi. Ela não podia ficar longe de
você o suficiente. Portanto, você provavelmente cheirou.”
“ Ela teve que comprar uma camisa nova.”
“ Então?”
Will acrescentou a segunda lata. “ Eu não sei. Ela só me surpreendeu. E
eu nunca a vi por aqui antes.”
“ Repito: Então?”
A coisa era, Will não estava exatamente certo por que estava pensando
na garota. Especialmente considerando o quão pouco ele sabia sobre ela.
Sim, ela era bonita - ele notou logo depois, apesar do cabelo roxo e a
máscara escura – mas a praia estava cheia de garotas bonitas. Também
não era o jeito que ela parou a briga depois. Em vez disso, ele continuava
voltando á forma como ela tratou o menino que tinha caído. Ele
vislumbrou uma ternura surpreendente de baixo da sua aparência
rebelde, e ela havia despertado sua curiosidade.
Ela não era como Ashley em tudo. Não era que Ashley era uma má
pessoa, porque ela não era. Mas havia algo superficial sobre Ashley,
mesmo que Scott não acredite. No mundo de Ashley, todos e tudo são
separados em pequenas caixas organizadas: popular ou não, caro ou
barato, rico ou pobre, bonito ou feio. E ele finalmente cansou da
superficialidade dela, de seus julgamentos de valor e sua incapacidade de
aceitar ou apreciar alguma coisa entre eles.
Mas a menina com a listra roxa no cabelo... Ele sabia instintivamente que
ela não era assim. Ele não podia ter certeza absoluta, é claro, mas ele
aposta nisso. Ela não coloca outras pessoas em pequenas caixas
organizadas porque não se coloca em nenhuma, e que lhe pareceu
refrescante e diferente, especialmente quando compara com as meninas
que ele tinha conhecido no Laney. Especialmente Ashley.
Embora as coisas da garagem estava o ocupando, os seus pensamentos
sempre volta para ela mais vezes do que ele esperava. Não o tempo todo.
Mas o suficiente para fazê-lo perceber por qualquer razão, que ele
definitivamente queria conhecê-la um pouco melhor, e viu-se perguntando
se ele iria vê-la novamente.
......

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sexto capítulo

6
...♪...
Ronnie
Em circunstâncias normais, provavelmente Ronnie teria apreciado uma
noite como esta. Em Nova York, as luzes da cidade tornaram impossível
de ver muitas estrelas, mas aqui, foi justamente o oposto. Mesmo com a
camada de névoa marinha, ela podia distinguir claramente a Via Láctea, e
diretamente para o sul, Vênus brilhava intensamente. As ondas caíam e
rolavam ritmicamente ao longo da praia, e no horizonte, podia ver a luz
tênue de uma meia dúzia de barcos de camarão.
Mas as circunstâncias não eram normais. Como ela estava na varanda,
ela olhou para o oficial, inacreditavelmente pálida.
Não, muda isso. Ela não estava apenas pálida. Ela estava fervendo. O
que tinha que acontecer era assim... super protetora, assim por cima, ela
ainda poderia processá-lo mal. Seu primeiro pensamento foi
simplesmente pedir carona até a rodoviária e comprar uma passagem de
volta para Nova York. Ela não contaria para seu pai ou sua mãe; ela
chamaria Kayla. Uma vez estando lá, ela iria descobrir o que fazer em
seguida. Não importa o que ela decidiu, não poderia ser pior que isso.
Mas isso não foi possível. Não com o oficial Pete aqui. Ele ficou atrás dela
agora, certificando-se que ela entrou.
Ela ainda não conseguia acreditar. Como poderia o pai dela – próprio pai
dela de corpo-e-sangue – fazer algo assim?
Ela era quase uma adulta, ela não estava fazendo nada de errado, e não
era meia-noite. Qual era o problema? Por que ele tem que transformar
isso em algo muito maior do que era? Ah, claro, na primeira o oficial Pete
tinha feito o som similar ao que tinha sido com um ordinário, run-of-themill(
que denota a liberdade para vaguear em torno) ordem para
desocupar o seu lugar no Bower’s Point – algo que não surpreendeu os
outros, mas então ele virou-se para ela. Especificamente zeraram.
“Estou levando você para casa.”, ele disse, fazendo som como se ela
tivesse oito anos.
“Não, obrigada.”, ela respondeu.
“ Então terei que prendê-la por acusações de vadiagem, e seu pai leva
você para casa.”
É claro que seu pai havia pedido para trazê-la para casa, e houve um
instante em que ela ficou congelada em mortificação. Claro, ela teve
problemas com sua mãe, e sim, ela tinha estourado o seu toque de
recolher de vez em quando. Mas nunca, nunca, nem se quer uma vez,
sua mãe mandou a polícia atrás dela.
Na varanda, o oficial intrometeu em seus pensamentos. “ Vá em frente.”,
ele alertou, tornando-o bastante claro que se ela não abrir a porta, ele
mesmo faria.
De dentro, ela podia ouvir sons suaves do piano, e ela reconheceu a
sonata de Edvard Grieg Sonata em Mi Menor. Ela respirou fundo antes de
abrir a porta, e fechou atrás dela.
Seu pai parou de tocar e olhou para cima como ela olhou para ele.
“ Você mandou a polícia ir atrás de mim?”
Seu pai não disse nada, mas seu silêncio era suficiente.
“ Por que você faria algo assim?”, ela perguntou. “ Como você poderia
fazer algo assim?”
Ele não disse nada.
“ O que é isso? Você não quer que eu me divirta? Você não confia em
mim? Você não sabe que eu não quero ficar aqui?”
Seu pai cruzou as mãos em seu colo. “Eu sei que você não quer estar
aqui...”
Ela deu um passo para frente, ainda gritando. “Então, você decidiu que
quer arruinar minha vida também?”
“ Quem é Marcus?”
“ Quem se importa!”, ela gritou. “Isso não é o ponto! Você não vai
monitorar cada pessoa que eu sempre conversar, então nem tente!”
“Eu não estou tentando-“
“ Eu odeio estar aqui! Você não conseguiu isso? Eu te odeio também!”
Mas seu pai não disse nada, como de costume. Ela odiava esse tipo de
fraqueza. Furiosa, ela atravessou a sala para a alcova, ela pegou a foto
dela tocando piano - com seu pai ao seu lado no banco - e atirou-a
através da sala. Embora ele se encolheu ao som de vidro quebrando, ele
permaneceu quieto.
“O que? Nada a dizer?”
Ele limpou a garganta. “ Seu quarto é a primeira porta á direita.”
Ela não queria nem engrandecer seu comentário com uma resposta,
então ela invadiu o corredor, determinada a não ter mais nada haver com
ele.
“ Boa noite, querida”, ele gritou. “Eu te amo.”
Houve um momento, apenas um momento, quando ela se encolheu por
causa do que disse a ele, mas seu arrependimento desapareceu tão
rapidamente como tinha chegado. Era como se ele não tivesse sequer
percebido que ela tinha ficado com raiva: Ela ouviu ele começar a tocar
piano de novo, pegando exatamente de onde ele parou.
No quarto – não difícil de encontrar, considerando que há apenas três
portas fora do corredor, uma para o banheiro e outra para o quarto de seu
pai – Ronnie ligou a luz. Com um suspiro frustrado, ela tirou a camisa
ridícula do Nemo que quase esquecia que estava usando.
Tinha sido o pior dia de sua vida.
Oh, ela sabia que estava sendo melodramática sobre a coisa toda. Ela
não era estúpida. Ainda assim, não havia sido tão importante. Sobre a
única coisa boa de sair por todo o dia foi as reuniões de Blaze, que deu
esperança de que ela teria pelo menos uma pessoa para passar mais
tempo neste verão.
Supondo, é claro, que Blaze ainda queira passar um tempo com ela.
Depois da pequena façanha do papai, mesmo estando incerta. Blaze e o
restante deles provavelmente ainda falariam sobre isso. Provavelmente
irão rir sobre isso.
Era o tipo de coisa que Kayla guardaria por anos.
A coisa toda deixou ela com dor no estômago. Ela jogou a camisa do
Nemo no canto – se ela nunca viu isso de novo, seria muito cedo – e
começou a tirar sua camisa do concerto.
“ Antes de ser colocado para fora, você deve saber que eu estou aqui.”
Ronnie pulou com o som, girando ao redor para ver Jonah olhando para
ela.
“ Saia!”, Ela gritou. “ O que você está fazendo aqui? Este é o meu quarto.”
“ Não, é o nosso quarto.”, Jonah disse. Ele apontou. “ Viu? Duas camas.”
Ele inclinou a cabeça para o lado. “ Você vai dormir no quarto do papai?”
Ela abriu a boca para responder, antes considerou mudar para a sala,
mas rapidamente percebeu o que tinha acontecido lá e não vai de novo,
em seguida, fechou a boca sem dizer uma palavra. Ela andou até sua
mala, colocou no alto, e abriu a tampa. Seu livro de Anna Karenina
estava em cima, ela jogo-a de lado, em busca de seu pijama.
“ Eu fui na roda-gigante.”disse Jonah. “ Foi muito legal ficar tão no alto.
Assim é como eu e papai te encontramos.”
“ Ótimo.”
“ Foi incrível. Você não quis ir?”
“ Não.”
“ Você deveria ir. Eu podia ver todo o caminho até Nova York.”
“ Eu duvido.”
“ Eu podia. Eu posso ver muito de longe. Com os meus óculos, eu quero
dizer. Papai disse que eu tenho olhos de águia.”
“ Sim, claro.”
Jonah não disse nada. Em vez disso, ele pegou o ursinho que ele tinha
trazido de casa. Foi o que ele agarrou quando estava nervoso, e Ronnie
estremeceu, lamentando suas palavras. Ás vezes, a forma como ele fala é
como se fosse um adulto, mas como ele puxou o urso para o seu peito,
ela sabia que não deveria ser tão dura. Apesar de ser precoce, ainda que
fosse verbalmente a ponto de contrariar ás vezes, ele era pequeno para a
sua idade, era mais o tamanho de uns seis ou sete anos do que uma
criança de dez anos de idade. Nunca tinha sido fácil para ele. Ele nascera
três meses prematuramente, e ele sofria de asma, problema de visão e
falta de coordenação motora fina. Ela sabia que as crianças de sua idade
poderiam ser cruéis.
“ Eu não quis dizer isso. Com seus óculos, você definitivamente tem olhos
de águia.”
“ Sim, eles estão muito bem agora.”, ele murmurou, mas quando ele se
virou e encarou a parede, ela estremeceu novamente. Ele era um garoto
doce. Uma dor na bunda ás vezes, ela sabia que ele não tinha um osso.
Ela foi até sua cama e sentou ao lado dele. “Hey”, ela disse. “ Me
desculpe. Eu não quis dizer isso. Eu tive apenas uma noite ruim.”
“ Eu sei.”, disse ele.
“ Você foi em outros brinquedos?”
“ Papai me levou na maioria deles. Ele quase ficou doente, mas eu não. E
eu não me assustei na casa mal assombrada. Eu podia ver que os
fantasmas eram falsos.”
Ela bateu-lhe no quadril. “ Você sempre foi muito corajoso.”
“ Sim.”, ele disse. “ Como naquela época, quando as luzes se apagaram
no apartamento? Você estava com medo naquela noite. Embora, eu não
estava com medo.”
“ Eu me lembro.” Ele parecia satisfeito com sua resposta. Mas então ele
ficou quieto, e quando falou de novo, sua voz era um pouco mais que um
sussurro. “ Você sente falta da mamãe?”
Ronnie alcançou os cobertores. “ Sim.”
“ Eu meio que sinto falta dela, também. E eu não gosto de ficar aqui
sozinho.”
“ Papai está no outro quarto.”, ela disse.
“ Eu sei. Mas de qualquer maneira, estou feliz que você chegou em casa.”
“ Eu também.”
Ele sorriu antes de olhar preocupado de novo. “ Você acha que mamãe
está bem?”
“ Ela está bem.”, assegurou ela. Ela puxou as cobertas. “ Mas eu sei que
ela também sente sua falta.”
De manhã, com o sol espreitando através das cortinas, Ronnie demorou
alguns segundos para perceber onde estava. Ela piscou para o relógio, e
pensou, Você deve estar brincando comigo.
Oito horas? De manhã? No verão?
Ela jogou-se de volta, apenas para encontrar-se olhando para o teto, já
sabendo que sono já estava fora de questão. Não com o sol atirando
punhais através das janelas. Não com o seu pai já martelando o piano na
sala. Ela de repente lembrou-se do que havia acontecido na noite
passada, a raiva que sentia do seu pai ressurgiu.
Bem-vindo a mais um dia no paraíso. No exterior da janela, ela ouviu um
barulho distante de motores. Ela levantou-se da cama e puxou a cortina,
só para saltar para trás, assustada com a visão de um guaxinim sentado
em cima de um saco de lixo rasgado. Enquanto o lixo espalhado era
grotesco, o guaxinim era bonitinho, e ela bateu no vidro, tentando obter
sua atenção.
Foi só então que percebeu as grades na janela.
Barras. Na. Janela.
Armadilha.
Rangeu seus dentes, deu meia-volta e marchou em direção á sala. Jonah
estava assistindo desenhos animados e comia uma tigela de cereais, seu
pai olhou para cima e continuou a tocar.
Ela pôs a mão na cintura, esperando que ele pare. Ele não o fez. Ela
notou que a imagem que ela tinha jogado estava de volta no lugar em
cima do piano, embora sem o vidro. “ Você não pode me manter trancada
todo o verão.”, ela disse. “ Isso não vai acontecer.”
Seu pai olhou para cima e continuou tocando. “ Do que você está
falando?”
“ Você colocou grades nas janelas! Como seu eu fosse sua prisioneira?
Jonah continuou assistindo seu desenho animado. “ Eu lhe disse que ela
ficaria louca.” , ele comentou.
Steve balançou a cabeça, as mãos se movendo sobre o teclado. “ Eu não
coloquei elas. Elas vieram com a casa.”
“ Eu não acredito em você.”
“ Ele não tirou.”, Jonah disse. “ Para preservar a arte.”
“ Eu não estou falando com você, Jonah!”, ela voltou para seu pai.” Vamos
começar direito. Você não vai gastar este verão me tratando como se eu
fosse uma menina! Eu tenho dezoito anos!”
“ Você não vai ter dezoito anos até o dia vinte de agosto.”, disse Jonah
atrás dela.
“ Não gostaria de ficar fora dessa!”, ela girou em volta para enfrentá-lo. “
Isso é entre mim e meu pai.”
Jonah franziu a testa. “ Mas você ainda não tem dezoito.”
“ Isso não é o ponto!”
“ Eu pensei que você tinha esquecido.”
“ Eu não me esqueci! Eu não sou estúpida.”
“ Mas você disse –“
"Você pode fechar a boca por um segundo?", Disse ela, incapaz de
esconder a sua exasperação. Ela virou-se para olhar para seu pai, que
tinha continuado a tocar, nunca faltando nenhuma nota. “ O que você fez
na noite passada foi...” Ela parou, incapaz de dizer tudo que estava
acontecendo, tudo que tinha acontecido, em palavras. “ Eu sou velha o
suficiente para fazer minhas próprias decisões. Não vê isso? Você deu-se
o direito de me dizer o que fazer quando você saiu pela porta. E você, por
favor me escute! "
De repente, seu pai parou de tocar.
“ Eu não gosto desse joguinho que você está fazendo.”
Ele parecia confuso. “Que jogo?”
“ Isso! Tocar piano a cada minuto que estou aqui! Não importa o quanto
você me quer ver tocar! Eu nunca vou tocar piano novamente!
Especialmente para você!”
“Certo.”
Ela esperou por mais, mas não havia mais nada.
“ Só isso?, ela perguntou. “ Isso é tudo que você vai me dizer?”
Seu pai parecia se debater para responder. “ Você quer café da manhã?
Fiz alguns bacons.”
"Bacon?", ela perguntou. "Você fez bacon?"
"Uh-oh", disse Jonas.
Seu pai olhou para Jonas.
"Ela é um vegetariana, papai", explicou.
"Sério?", Perguntou ele.
Ronnie olhou para eles com espanto, querendo saber como a conversa
tinha sido sequestrada.
Esta não foi a do bacon, foi do que aconteceu ontem a noite. “ Vamos
direto ao assunto.”, ela disse. “ Se você mandar a polícia para me trazer
para casa outra vez, eu não vou só recusar o piano.Eu não vou para casa.
Eu nunca, nunca vou falar com você de novo. E se você não acredita em
mim, tente. Eu já fiquei três anos sem falar com você, e foi a coisa mais
fácil que eu já fiz.”
Com isso, ela voltou para seu quarto. Vinte minutos depois, após o banho
e a troca de roupa, ela estava porta a fora.
O seu primeiro pensamento enquanto andava na areia é que ela deveria
ter shorts desgastados.
Já estava quente, o ar denso de umidade. De cima até em baixo na praia,
as pessoas já estavam deitadas em toalhas ou praticando surf. Perto do
píer, ela viu meia dúzia de surfistas flutuando em suas pranchas,
esperando a onda perfeita.
Acima deles, na cabeça do píer, o festival não existia mais. Os brinquedos
foram desmontados e as barracas foram levadas embora, deixando para
trás apenas lixo e restos de alimentos espalhados. Afastando-se, ela
passou pelo distrito da cidade e pequenas lojas. Nenhuma das lojas foram
abertas ainda, mas a maioria era do tipo de loja de praia turística e ela
nunca pôs os pés em qualquer uma, um par de lojas de roupas
especializadas em saias e blusas que sua mãe poderia usar, e um Burger
King e McDonald’s, duas lojas que ela se recusou a entrar de princípio.
Incluindo um hotel e meia dúzia de bares e restaurantes de alto nível,
eram muito bonitos. No final, os locais interessantes foram apenas uma
loja de surf, uma loja de música, e uma antiquada lanchonete onde ela
poderia imaginar saindo com os amigos... mesmo não tendo nenhum.
Ela voltou para praia ignorando as dunas, observando que as multidões
se multiplicaram. Foi um dia lindo e arejado, o céu era um azul profundo,
sem nuvens. Se Kayla estivesse aqui, ela gostaria de passar o dia ao sol,
mas Kayla não estava aqui e ela não estaria prestes a colocar seu traje e
sentar-se sozinha. Mas o que mais pode se fazer?
Talvez ela deve tentar conseguir um emprego. Lhe daria uma desculpa
para estar fora a maior parte do tempo. Ela não tinha visto nenhum “
Precisamos de ajuda” no centro das janelas, mas alguém teria ser a
contratação, certo? “ Você tinha que fazer isso em casa, certo? Ou será
que o policial fez um passe para você?”
Olhando por trás dela , Ronnie viu Blaze vesga para sair da duna. Perdida
em pensamentos, ela ainda não tinha notado ela.
“ Não, ele não fez passe para mim.”
“ Ah, então você fez um passe para ele?”
Ronnie cruzou os braços. “ Como assim?”
Blaze encolheu os ombros, sua expressão maliciosa, e Ronnie sorriu.
“ Então o que aconteceu depois que eu sai? Alguma coisa excitante?”
“ Não. Os caras saíram e eu não sei aonde eles foram. E eu apenas saí
do Bower’s Point.”
“ Você não vai para casa?”
“ Não.”, ela levantou-se, sacudindo a areia de seu jeans. “ Você tem
algum dinheiro?”
“Por quê?”
Blaze ficou reta. “ Eu não tenho comido desde a manhã de ontem. Eu
estou com fome.”
......

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quinto capítlo

5
...♪...
Will
Não importava o que ele estava fazendo, Will sempre podia sentir o peso
do segredo que o colocava para baixo. Superficialmente, tudo parecia
normal: Nos últimos seis meses, ele tinha ido para suas aulas, jogou
basquete, participou da formatura, graduou-se numa escola elevada,
college-bound*. Não tinha sido tudo perfeito, é claro. Seis semanas atrás,
ele havia terminado com Ashley, mas não tinha nada haver com o que
tinha acontecido naquela noite, a noite que ele nunca poderia esquecer.
Na maioria das vezes, ele foi capaz de manter a memória bloqueada, mas
de vez em quando, estranhamente, tudo isso voltou para ele com força
visceral. As imagens nunca mudaram ou desapareceram, as imagens
nunca ficaram "borradas nas bordas". Como se vê-lo com os olhos de
outra pessoa, veria a si mesmo correndo até a praia e peganda Scott
enquanto olhava fixamente para o fogo ardente.
- Que diabos você fez? - Lembrou-se de gritar.
- Não é minha culpa! – Scott gritou de volta.
Foi só então, entretanto, que perceberam que não estavam sozinhos. Á
distância, perceberam Marcus, Blaze, Teddy, e Lance, vendo-os , e ele
sabia que eles tinham visto o que aconteceu.
Eles sabiam...
Assim que Will pegou seu telefone, Scott o deteve.
- Não chame a polícia! Eu lhe disse que foi um acidente! – Sua expressão
era suplicante. – Vamos, cara! Você me deve!
Teve extensa cobertura de notícias nos primeiros pares de dias, e Will
tinha assistido os noticiários e leu os jornais, com o estômago dando nós.
Foi um ato para disfarçar um incêndio acidental. Talvez ele poderia ter
feito isso. Mas alguém tinha sido ferido naquela noite, e ele sentiu um
impulso doentio de culpa quando dirigia pelo local. Não importou que a
igreja estava sendo reconstruída, ou que o pastor já havia sido liberado do
hospital há muito tempo, o que importava era que ele sabia o que tinha
acontecido e não tinha feito nada sobre isso.
Você me deve...
Mais essas foram as palavras que o perseguiam.
Não é simplesmente porque ele e Scott tinha sido melhores amigos desde
o jardim de infância, mas por outra razão, razão mais importante. E ás
vezes, no meio da noite, ele ficava acordando, odiando a verdade dessas
palavras e desejando uma maneira de fazer as coisas direito.
Estranhamente, foi o incidente no jogo de vôlei no início do dia que
desencadeou as lembranças deste tempo. Ou melhor, tinha sido a garota
que colidiu com ele. Ela não estava interessada em suas desculpas, ao
contrário da maioria das garotas por aqui, ela não tentou mascarar sua
raiva. Ela não chiou ou gritou, ela era auto-possessa de uma forma que o
atingiu instantaneamente de maneira diferente. Depois que ela foi
embora, eles fecharam o set e ele tinha que admitir que perdeu uns
lances que normalmente não perderia. Scott havia olhado furiosamente
para ele e — talvez por causa do jogo de luzes — ele parecia exatamente
como na noite do incêndio quando Will pegou seu celular para ligar para a
polícia. E isso foi o necessário para reviver aquelas memórias.
Ele conseguiu segurar as pontas até eles ganharem o jogo, mas depois
que o jogo acabou, ele precisava de um tempo sozinho. Então ele vagou
pelas barraquinhas e parou em uma das barraquinhas com preço absurdo
e jogos impossíveis de ganhar. Ele estava se preparando para jogar uma
das bolas muito cheias de basquete no aro um pouco alto demais quando
ouviu uma voz atrás dele
“Aí está você,” Ashley disse. “Você estava evitando a gente?”
Sim, ele pensou. Na verdade, ele estava.
“Não,” ele respondeu. “Eu não acerto uma bola desde que a temporada
acabou, e eu queria ver o quão enferrujado estou.”
Ashley sorriu. Sua blusa tomara-que-caia branca, sandálias e balançantes
brincos realçavam ao máximo seus olhos azuis e cabelos loiros. Ela
mudou de roupa depois do último jogo do campeonato. Típico; ela era a
única garota que ele conhecia que carregava um visual completo para
trocar como se fosse uma regra, mesmo quando ela estava na praia. No
baile de formatura em Maio, ela mudou de roupa três vezes: um visual
para o jantar, outro para o baile e um terceiro para a pós-festa. Ela na
verdade levou com ela uma mala, e depois de prender seu corsage e
posar para os fotógrafos, ele teve que carregar a mala para o carro. Sua
mãe não tinha achado estranho que ela fizesse uma mala como se fosse
viajar em vez de para um baile. Mas talvez isso fosse parte do problema.
Uma vez Ashley o levou para se vislumbrar dentro do closet de sua mãe;
a mulher devia ter centenas de diferentes pares de sapatos e milhares de
diferentes peças de roupa. Um Buick* teria cabido dentro daquele closet.
“Não me deixe interrompê-lo. Eu odiaria que você perdesse um dólar.”
Will se virou, e depois de se concentrar no aro, jogou a bola em direção a
cesta. Ela vacilou no aro e bateu no placar antes de cair dentro da cesta.
Foi uma. Faltavam duas e ele ganharia um prêmio.
Quando a bola rolou para trás, o dono da barraquinha olhou de relance
para Ashley. Ashley, por sua vez, pareceu nem notar a presença do dele.
Quando a bola rolou pela rede de volta para Will, ele a pegou de novo e
olhou para o dono da barraquinha. “Alguém já ganhou hoje?”
“Claro. Muitos ganhadores hoje.” Ele continuava a encarar Ashley
enquanto respondia. Nenhuma surpresa. Todo mundo sempre notava
Ashley. Ela era como um brilhante letreiro de neon para qualquer um com
um pouco de testosterona.
Ashley deu um passo para frente, dando uma pirueta, e se apoiando
contra a barraquinha. Ela sorriu para Will de novo. Ashley nunca tinha sido
sutil. Depois de ser coroada a rainha do baile de boas-vindas, ela usou a
tiara a noite toda.
“Você jogou bem hoje,” ela disse. “E seu saque está ficando muito
melhor.”
“Obrigado,” Will respondeu.
“Acho que você está quase tão bom quanto Scott.”
“Sem chance,” ele disse. Scott jogava vôlei desde os seis anos; Will só
começou a jogar depois do primeiro ano do colegial. “Eu sou rápido e
posso pular, mas eu não tenho as jogadas completas que Scott tem.”
“Só estou dizendo o que vi.” Se focando no aro, Will soltou o ar, tentando
relaxar antes de jogar a bola. Era a mesma coisa que seu treinador
sempre o dizia para fazer na linha do lance livre, não que isso parecesse
melhorar suas chances. Dessa vez, porém, a bola se moveu com um
chiado pela rede. Duas de dois.
“O que você vai fazer com o bichinho de pelúcia que ganhar?” ela
perguntou.
“Eu não sei. Você o quer?”
“Só se você quiser me dar.”
Ele sabia que ela queria que ele o oferecesse em vez dela ter que pedir
pra ele. Depois de dois anos juntos, havia poucas coisas que ele não
sabia sobre ela. Will pegou a bola, soltando o ar de novo e jogando sua
última bola. Porém, essa ele jogou muito forte e ela caiu para fora do aro.
“Essa foi perto,” o dono da barraquinha disse. “Você devia tentar de novo.”
“Eu sei quando sou derrubado.”
“Vou te dizer o seguinte. Eu desconto um dólar. Dois dólares por três
lances.”
“Está tudo bem.”
“Dois dólares e eu deixo os dois jogarem três vezes.” Ele segurou a bola,
a oferecendo para Ashley. “Eu adoraria ver você tentando.”
Ashley encarou a bola, deixando bem óbvio que ela nem ponderou tal
idéia. Que ela provavelmente não tinha.
“Acho que não,” Will disse. “Mas obrigada pela oferta.” Ele se virou para
Ashley. “Você sabe se Scott ainda está por aí?”
“Ele está na mesa com Cassie. Ou pelo menos era onde eles estavam
quando eu vim encontrar você. Acho que ele gosta dela.”
Will se dirigiu em direção à mesa, Ashley ao seu lado.
“Então nós estávamos conversando,” Ashley disse, soando quase como
casual, “e Scott e Cassie acham que talvez seja divertido se formos para
minha casa. Meus pais estão em Raleigh para algum evento com o
governador, então nós teríamos a casa toda só pra gente.”
Will sabia que isso ia acontecer. “Acho que não,” ele disse.
“Por que não? Não é como se alguma coisa excitante acontecesse por
aqui.”
“Eu só acho que não é uma boa idéia.”
“É porque nós terminamos? Não é como se eu quisesse que nós
voltássemos.”
Que foi esse o motivo de você ter ido ao torneio, ele pensou. E ter se
arrumado hoje à noite. E vir me encontrar. E sugerido de irmos para sua
casa, desde que seus pais não estão lá. Mas ele não disse essas coisas.
Ele não estava com humor para discutir, nem queria fazer as coisas mais
difíceis do que já eram. Ela não era uma má pessoa; só não era para ele.
“Eu tenho que estar cedo no trabalho amanhã de manhã, e eu passei o
dia todo jogando vôlei no sol,” ele disse, em vez disso. “Eu só quero ir
dormir.”
Ela segurou o braço dele, o fazendo parar. “Por que você não atende as
minhas ligações?”
Ele não disse nada. Não havia nada que ele pudesse dizer.
“Eu quero saber o que fiz de errado,” ela exigiu.
“Você não fez nada errado.”
“Então é isso?”
Quando ele não respondeu, ela deu um suplicante sorriso. “Só venha até
minha casa e conversaremos sobre isso, okay?”
Ele sabia que ela merecia uma resposta. O único problema era que era
uma resposta que ela não queria ouvir.
“Como eu disse, só estou cansado.”
“Você está cansado,” Scott disse num tom de voz alto. “Você disse para
ela que você está cansado e queria ir dormir?
“Algo assim.”
“Você está louco?”
Scott o encarou do outro lado da mesa. Cassie e Ashley tinham ido para o
píer conversar, sem dúvida dissecando tudo que Will disse para Ashley,
adicionando um desnecessário drama à situação que provavelmente
deveria ser mantida em particular. Com Ashley, porém, sempre havia
drama. Ele teve a súbita sensação de que o verão iria ser longo.
“Eu estou cansado,” Will disse. “Você não está?”
“Talvez você não ouviu o que ela estava sugerindo. Eu e Cassie, você e
Ashley? Casa dos pais delas na praia?”
“Ela mencionou isso.”
“E ainda estamos aqui porque...?”
“Eu já te disse.”
Scott balançou a cabeça. “Não... veja, foi aí que você me perdeu. Você
usa a desculpa ‘Estou cansado’ quando seus pais querem que você lave o
carro, ou quando eles te mandam acordar para ir à igreja. Não quando se
trata de uma oportunidade como essa.”
Will não disse nada. Apesar de Scott ser um ano mais novo — ele vai
para o terceiro ano na Laney High School no outono — ele
frequentemente agia como se fosse o irmão mais velho e mais esperto de
Will.
Exceto naquela noite na igreja...
“Está vendo o cara ali na barraquinha de basquete? Agora ele, eu
entendo. Ele fica em pé ali o dia todo tentando fazer as pessoas jogarem
para ele ganhar um pouco de dinheiro e comprar cerveja e alguns cigarros
no fim do turno. Simples. Sem complicações. Não meu tipo de vida, mas
uma que eu entendo. Mas você, eu não entendo. Quero dizer... você viu
Ashley hoje? Ela está linda. Ela parece aquela garota da Maxim.”
“E...?”
“Meu ponto é, ela é gostosa.”
“Eu sei. Estivemos juntos por uns dois anos, se lembra?”
“E eu não estou dizendo que você tem que voltar com ela. Tudo que estou
sugerindo é de nós quatro irmos para a casa dela, nos divertimos um
pouco, e ver o que acontece.”
Scott se inclinou para trás em sua cadeira. “E por sinal? Eu ainda não
entendo o porquê de você ter terminado com ela, em primeiro lugar. É
óbvio que ela ainda está a fim de você, e vocês dois sempre pareceram
perfeitos juntos.”
Will sacudiu a cabeça. “Não éramos perfeitos juntos.”
“Você disse isso antes, mas o que isso significa? Ela é, tipo... psicopata
ou alguma coisa assim quando vocês dois estão sozinhos? O que
aconteceu? Você a encontrou em pé ao seu lado com uma faca de
açougueiro, ou ela uivou para a lua quando vocês foram à praia?”
“Não, nada assim. Só não deu certo, isso é tudo.”
“Só não deu certo,” Scott repetiu. “Você pode ao menos ouvir a si
mesmo?”
Quando Will não demonstrou nenhum sinal de compaixão, Scott se
inclinou sobre a mesa. “Vamos, cara. Faça isso por mim, então. Viva um
pouco. Estamos em férias de verão. Escolha um para o time.”
“Agora você soa desesperado.”
“Eu estou desesperado. Ao menos que você concorde de ir com a Ashley
hoje, Cassie não vai comigo. E nós estamos falando sobre a garota que
está pronta para ‘Romance the Stone'. “Ela quer ‘Free Willy’.
“Eu sinto muito. Mas não posso te ajudar.”
“Ótimo. Destrúa minha vida. Quem liga, certo?”
“Você vai sobreviver.” Ele pausou. “Você está com fome?”
“Um pouco,” Scott resmungou.
“Venha. Vamos arrumar alguns x-burgers.”
Will se levantou da mesa, mas Scott continuou sentado. “Você precisa
praticar seu levantamento,” ele disse, se referindo aos jogos de vôlei mais
cedo. “Você estava mandando a bola para todos os lados. Eu fiz tudo que
podia para nos manter nos jogos.”
“Ashley me disse que eu estava tão bom quanto você.”
Scott bufou e se levantou da mesa. “Ela não sabe do que estava falando.”
Após ficarem na fila da comida, Will e Scott andaram até o estande de
condimentos, onde Scott ensopou seu hambúrguer com catchup. Ele
apertou os lados enquanto Scott colocava o pão de volta.
“Isso é nojento,” Will comentou.
“Então veja isso. Tem esse cara chamado Ray Kroc e ele começou uma
empresa chamada McDonald’s. Já ouviu falar dela? Enfim, em seu
hambúrguer original — em suas diversas formas do original hambúrguer
americano, você imagina — ele insistiu em adicionar catchup. Que eu
devo lhe dizer o quanto isso é importante para o gosto em geral.”
“Continue falando. Você está tão fascinante. Estou indo pegar alguma
coisa pra beber.”
“Poderia me trazer uma garrafa d’água?”
Enquanto Will se distanciava, algo branco passou por ele, em direção ao
Scott; Scott também viu, e instintamente saiu do caminho, derrubando seu
x-burger no processo.
“O que diabos você pensa que está fazendo?” Scott exigiu, girando o
corpo. No chão estava uma caixa com batatas-fritas. Atrás dele, Teddy e
Lance tinham as mãos em seus bolsos. Marcus em pé entre eles,
fracassando ao tentar parecer inocente.
“Eu não sei do que você está falando,” Marcus respondeu.
“Disso!” Scott rosnou, chutando a caixa de volta para eles. Foi o tom, Will
mais tarde pensou, que fez todos em volta deles ficarem tensos. Will
sentiu o cabelo em sua nuca formigar com o evidente, quase físico
deslocamento do ar e espaço, um tremor que prometia violência.
Violência que Marcus obviamente queria...
Como se ele estivesse mordendo a isca.
Will viu um pai segurar seu filho e se afastar, enquanto Ashley e Cassie,
no píer, congelaram. De lado, Will reconheceu Galadriel — que chamava
ultimamente a si mesma de Blaze — circulando por perto.
Scott os encarou, sua mandíbula trincada. “Sabe, estou ficando cansado
de você.”
“O que você vai fazer?” Marcus deu um falso sorriso. “Soltar um foguete
de artifício em mim?”
Isso foi o necessário. Enquanto Scott deu um súbito passo para frente,
Will abriu freneticamente seu caminho entre a multidão, tentando alcançar
seu amigo a tempo.
Marcus não se moveu. Nada bom. Will sabia que ele e seus amigos eram
capazes de qualquer coisa... e o pior de tudo, eles sabiam o que Scott
havia feito...
Mas Scott, em fúria, não pareceu se importar. Enquanto Will se agitava
para frente, Teddy e Lance se espalharam, atraindo Scott para o meio
deles. Ele tentou diminuir a distância, mas Scott se movia muito rápido, e
de repente tudo pareceu acontecer ao mesmo tempo. Marcus deu um
meio passo para trás enquanto Teddy chutou um banco, forçando Scott a
sair do caminho. Ele esbarrou em uma mesa, a derrubando no chão. Scott
recuperou seu equilíbrio e fechou suas mãos em punhos. Lance se
aproximou pelo lado. Enquanto Will abria caminho a sua frente, ganhando
velocidade, ele vagamente ouviu os gemidos de uma criança. Se livrando
da multidão, ele se virou para Lance quando do nada uma garota se
aproximou da briga.
“Apenas parem!” a garota gritou, abrindo os braços. “Parem com isso!
Todos vocês!” Sua voz era surpreendentemente forte e autoritária, o
suficiente para fazer Will parar. Todo mundo congelou, e no repentino
silêncio, os choros da criança pareceram estridentes. A garota girou,
olhando furiosamente para cada participante da briga, e assim que Will viu
a mecha roxa em seu cabelo, ele percebeu exatamente onde ele a tinha
visto antes. Só que agora ela estava vestindo uma blusa enorme com um
peixe na frente.
“A briga acabou! Não vai ter briga! Você não viu que esse menino está
machucado?”
Os desafiando a contradizê-la, ela se afastou de Scott e Marcus e se
inclinou para o menino chorando, que havia sido derrubado no meio da
confusão. Ele tinha três ou quatro anos, e sua blusa era cor de abóbora.
Quando a garota falou com ele, sua voz era suave, seu sorriso
tranquilizador.
“Você está bem, querido? Onde está sua mãe? Vamos encontrá-la, okay?”
O menino parece momentaneamente focado na blusa dela.
“Esse é o Nemo,” ela disse. “Ele também se perdeu. Você gosta do
Nemo?”
Do lado, uma apavorada mulher segurando um bebê abria caminho entre
a multidão, esquecendo a tensão no ar. “Jason? Onde está você? Você
viu um menino? Cabelos loiros, blusa abóbora?”
Alívio passou pelo seu rosto assim que o avistou. Ela ajeitou o bebê em
seu quadril enquanto corria para o lado do menino.
“Você não pode correr assim, Jason!” ela gritou. “Você me assustou. Você
está bem?”
“Nemo,” ele disse, apontando para a garota.
A mãe se virou, notando a garota pela primeira vez. “Obrigada, ele
simplesmente sumiu quando eu estava trocando a fralda do bebê”
“Está tudo bem,” a garota disse, sacudindo a cabeça. “Ele está bem.” Will
observou a mãe levar seus filhos embora, então se voltou para a garota,
notando o modo que ela sorria enquanto o menino se afastava.
Entretanto, uma vez que eles se afastaram o suficiente, a garota pareceu
de repente perceber que todos olhavam para ela. Ela cruzou seus braços,
autoconsciente quando a multidão começou a se dispersar por causa do
policial que se aproximava rapidamente.
Marcus murmurou depressa alguma coisa para Scott antes de se misturar
na multidão. Teddy e Lance fizeram o mesmo. Blaze se virou para seguilos,
e surpreendendo Will, a garota com a mecha roxa alcançou seu
braço.
“Espera! Onde vocês estão indo?” ela gritou.
Blaze libertou seu braço, andando para trás. “Bower’s Point.”
“Aonde é isso?”
“Só desça a praia. Você vai encontrar.” Blaze se virou e correu atrás de
Marcus.
A garota pareceu não ter certeza do que fazer. Até que a tensão, tão
abundante há apenas alguns minutos, foi se dispersando tão rápido
quanto apareceu. Scott ajeitou a mesa e se aproximou de Will assim que
a garota foi abordada por um homem que ele presumiu ser seu pai.
“Aí está você!” Ele gritou com uma mistura de alívio e exasperação.
“Estivemos procurando por você. Está pronta pra ir?”
A garota, que estava observando Blaze, estava obviamente triste por vêlo.
“Não,” ela simplesmente disse. Com isso, ela caminhou pela multidão, se
dirigindo à praia. Um menino acompanhava o pai.
“Acho que ela não está com fome,” o menino disse.
O homem colocou sua mão no ombro do menino, observando enquanto
ela descia os degraus até a praia sem olhar para trás. “Acho que não,” ele
disse.
“Você pode acreditar nisso?” Scott se enfureceu, tirando a atenção de Will
da cena que ele estava observando tão de perto. Scott ainda estava
agitado, a adrenalina em alta. “Eu estava para encurralar aquele maluco.”
“Uh... é,” ele respondeu. Ele sacudiu a cabeça. “Não tenho certeza de que
Teddy e Lance teriam deixado.”
“Eles não teriam feito nada. Aqueles caras são só figuração.” Will não
tinha certeza disso, mas não disse anda.
Scott respirou fundo. “Se controla. O policial está vindo.”
O policial se aproximou deles lentamente, tentando obviamente medir a
situação.
“O que está acontecendo aqui?” Ele exigiu.
“Nada, Policial,” Scott respondeu, parecendo sério.
“Ouvi que estava tendo uma briga.”
“Não, senhor.”
O policial esperou por mais, sua expressão cética. Nem Scott ou Will
disseram mais nada. Até então, a área estava cheia de pessoas cuidando
de suas coisas. O policial inspecionou a cena, tendo certeza que não
deixava nada passar, então de repente ficou de queixo caído com o
reconhecimento de alguém parado atrás de Will.
“Steve, é você?” ele gritou.
Will observou enquanto ele caminhava em direção ao pai da garota.
Ashley e Cassie se aproximaram deles hesitantes. O rosto de Cassie
ruborizado. “Você está bem?” perguntou indecisa.
“Estou bem,” Scott respondeu.
“Aqueles caras são loucos. O que aconteceu? Não vi como começou.”
“Ele jogou alguma coisa em mim, e eu não ia deixar isso assim. Estou
cansado do modo que aquele cara age. Ele pensa que todo mundo tem
medo dele e por isso pode fazer o que quiser, mas da próxima vez que ele
tentar alguma coisa, não vai ser bonito...”
Will se desligou dele. Scott sempre falou muito; ele fazia a mesma coisa
durante as partidas de vôlei, e Will aprendeu há um tempo a ignorá-lo.
Ele se virou, prestando atenção no policial conversando com o pai da
garota, se perguntando por que a garota tinha se empenhado tanto para
escapar de seu pai. E por que ela estava saindo com Marcus. Ela não era
como eles, e ele de alguma forma duvidou que ela soubesse onde estava
se metendo. Enquanto Scott continuava falando, garantindo Cassie que
conseguiria facilmente ter lidado com os três, Will se viu tentando ouvir a
conversa do policial com o pai da garota. “Oh, hey, Pete,” o pai disse.
“Como vai?”
“Como sempre,” o policial respondeu. “Fazendo o meu melhor para
manter as coisas sob controle por aqui. Como a janela está indo?”
“Lenta.”
“Foi o que me disse da última vez que perguntei.”
“É, mas agora eu tenho uma arma secreta. Esse é meu filho, Jonah. Ele
será meu assistente esse verão.”
“É? Bom para você, garotinho... Sua filha supostamente não viria
também?”
“Ela está aqui,” o pai disse.
“É, mas ela foi embora de novo,” o menino adicionou. “Ela está bem
irritada com o papai.”
“Sinto muito ouvir isso.”
Will observou o pai apontar em direção à praia. “Você tem alguma idéia
pra onde eles podem estar indo?”
O policial cerrou os olhos enquanto mapeava a linha da água. “Pode ser
qualquer lugar. Mas alguns desses garotos não são coisa boa.
Especialmente Marcus. Confie em mim, você não a quer em companhia
dele.”
Scott ainda se gabava para Cassie e Ashley. O bloqueando, Will de
repente sentiu a urgência de chamar o policial. Ele sabia que não cabia a
ele dizer nada. Ele não conhecia a garota, não sabia porque ela o atacou,
em primeiro lugar. Talvez ela tivesse um bom motivo. Mas enquanto ele
via a preocupação no rosto de seu pai, ele se lembrou da paciência e da
bondade quando ela resgatou o menino, e as palavras saíram antes que
pudesse se impedir.
“Ela foi para o Bower’s Point,” ele anunciou. Scott parou de falar no meio
da frase, e Ashley se virou para ele franzindo as sobrancelhas. Os outros
três o estudaram duvidosos.
“Sua filha, certo?” Quando o pai acenou levemente, ele continuou. “Ela
está indo para o Bower’s Point.”
O policial continuou o encarando, então se virou para o pai. “Quando eu
terminar por aqui, eu vou falar com ela e ver se a convenço a voltar para
casa, okay?”
“Você não precisa fazer isso, Pete.”
O policial continuou estudando o grupo à distância. “Eu acho que nesse
caso, é melhor eu ir.”
Inexplicavelmente, Will sentiu uma estranha onda de alívio. Isso deve ter
estado na cara, porque quando ele se voltou para seus amigos, todos
estavam o encarando.
“O que diabos foi isso?” Scott exigiu.
Will não respondeu. Ele não podia, porque ele realmente não entendeu a
si mesmo.
......

domingo, 21 de novembro de 2010

Quarto capítulo

4
...♪...
Marcus
Ele sabia que ela iria segui-los. Elas sempre os seguiam. Especialmente
as garotas novas na cidade. Esse era o lance com as garotas: O quão
pior você as trata, mais elas te querem. Elas são estúpidas assim mesmo.
Previsíveis, mas estúpidas.
Ele se apoiou contra o vaso de plantas em frente ao hotel, Blaze
envolvendo seus braços em torno dele. Ronnie estava sentada do outro
lado em um dos bancos; do outro lado, Teddy e Lance botavam defeitos
um no outro enquanto tentavam chamar a atenção das garotas que
passavam por eles. Eles já estavam bêbados — droga, eles estavam um
pouco bêbados mesmo antes do show — e como sempre, todas as
garotas, menos as feias, os ignoravam. Metade do tempo, até ele os
ignorava.
Blaze, enquanto isso, estava mordiscando seu pescoço, mas ele ignorou
isso também. Ele estava cansado do jeito que ela sempre se agarrava
nele quando estavam em público. Cansado dela no geral. Se ela não
fosse boa de cama, se ela não soubesse o que realmente o excitava, ele
já teria terminado com ela há um mês para ficar com uma das três ou
quatro ou cinco outras garotas que ele regularmente dormia. Mas agora
ele não estava interessado nelas, também. Em vez disso, ele olhou para
Ronnie, gostando da mecha roxa em seu cabelo e seu pequeno corpo
firme, o efeito cintilante de sua sombra de olho. Era uma espécie de estilo
elegante e informal, tirando a blusa ridícula que ela estava usando. Ele
gostava disso. Ele gostava muito disso.
Ele se pressionou contra o quadril de Blaze, desejando que ela não
estivesse aqui. “Vai pegar batata frita pra mim,” ele disse. “Estou meio
com fome.”
Blaze se afastou. “Eu só tenho uns dois dólares sobrando.”
Ele podia ouvir o lamento em sua voz. “E daí? Isso deve dar. E me
garanta que não vai comer nenhuma delas, também.”
Ele falava sério. Blaze estava ficando um pouco gordinha na barriga, um
pouco inchada no rosto. Nenhuma surpresa considerando que
ultimamente ela andava bebendo quase tanto quanto Teddy e Lance.
Blaze fez beicinho, mas Marcus lhe deu um pequeno empurrão e ela se
dirigiu a um dos estandes de comida. Era uma fila com pelo menos seis
ou sete estandes, e assim que ela alcançou o final, Marcus vagou por
Ronnie e se sentou ao lado dela. Perto, mas não muito perto. Blaze era
do tipo ciumenta, e ele não queria que ela assustasse Ronnie antes dele
ter a chance de conhecê-la.
“O que você acha?” ele perguntou.
“Sobre o que?”
“O show. Você já viu algo parecido em Nova Iorque?”
“Não,” ela admitiu. “Não vi.”
“Onde você está ficando?”
“Descendo um pouco a praia.” Ele podia dizer pela forma que respondia,
que ela estava desconfortável, provavelmente porque Blaze não estava
aqui.
“Blaze disse que você deu um bolo no seu pai.”
Em resposta, ela simplesmente deu de ombros.
“O que? Não quer conversar sobre isso?”
“Não tem nada para ser dito.”
Ele se inclinou para trás. “Talvez você não confie em mim.”
“Do que você está falando?”
“Você conversa com a Blaze, mas não comigo.”
“Eu nem te conheço.”
“Você também não conhece a Blaze. Você acabou de conhecer ela.”
Ronnie não pareceu apreciar suas petulantes respostas. “Eu só não
queria falar com ele, okay? E eu também não quero ter que passar meu
verão aqui.”
Ele tirou o cabelo dos seus olhos. “Então vá embora.”
“É, está certo. Para onde eu deveria ir?”
“Vamos para Flórida.”
Ela piscou. “O que?”
“Eu conheço um cara que tem um lugar por lá, logo depois de Tampa. Se
você quiser, eu te levo. Podemos ficar pelo tempo que você quiser. Meu
carro está logo aqui.”
Ela olhou para ele em choque. “Eu não posso ir para Flórida com você.
Eu... eu acabei de te conhecer. E a Blaze?”
“O que tem ela?”
“Você está com ela.”
“E daí?” Ele manteve o rosto neutro.
“Isso é muito estranho.” Ela balançou a cabeça e levantou. “Acho que vou
ver como a Blaze está indo.”
Marcus alcançou uma bola de fogo em seu bolso. “Você sabe que eu
estava brincando, certo?”
Na verdade, ele não estava. Ele disse isso pelo mesmo motivo que tinha
jogado a bola nela. Para ver o quão longe ele podia levá-la.
“É, claro. Ok. Eu ainda estou indo falar com ela.”
Marcus a observou saindo. Por mais que ele admirasse aquele pequeno
corpo explosivo, ele não tinha certeza do que fazer com ela. Ela se
encaixava no papel, mas diferente de Blaze, ela não fumava ou
demonstrava qualquer interesse em farrear, e ele tinha essa sensação de
que havia mais nela do que ela estava mostrando. Ele se perguntou se
ela viria por dinheiro. Fazia sentido, certo? Apartamento em Nova Iorque,
casa na praia? A família devia ter dinheiro para conseguir pagar essas
coisas. Mas... de novo, não tinha nenhuma chance dela se encaixar entre
as pessoas com dinheiro por aqui, pelo menos não os que ele conhecia.
Então qual das opções era? E por que isso importava?
Porque ele não gostava de pessoas com dinheiro, ele não gostava do jeito
que eles exibiam isso, e não gostava do jeito que pensavam que eram
melhores que os outros só por causa disso. Uma vez, antes dele largar a
escola, ele ouviu um garoto rico na sua escola falando sobre o novo barco
que tinha ganho de aniversário. Não era um lixo de esquife; era um
Boston Whaler de seis metros com GPS e sonda integrados, e o garoto
continuava se gabando sobre como ele iria usá-lo o verão todo e o havia
deixado no deque do clube.
Três dias depois, Marcus pôs fogo no barco e o assistiu queimar por
detrás da árvore de magnólia.
Ele não contou para ninguém o que havia feito, é claro. Conte para uma
pessoa, e você pode estar confessando para a polícia. Teddy e Lance
eram casos a se pensar: Os ponha atrás das grades e eles vão falar
assim que a porta fechar. Que era o motivo dele insistir que eles fizessem
todo o trabalho sujo esses dias. O melhor jeito de impedi-los de falar era
tendo certeza de que eram ainda mais culpados do que ele era. Hoje em
dia, eram eles que roubavam a bebida, eles que espancavam o cara
careca inconsciente no aeroporto antes de roubar sua carteira, eles que
pintavam suásticas na sinagoga. Ele não necessariamente confiava neles,
nem ao menos gostava deles, mas eles sempre concordavam com seus
planos. Eles serviam para um propósito.
Atrás dele, Teddy e Lance continuavam a agir como os idiotas que eram, e
sem Ronnie por perto, Marcus estava impaciente. Ele não pretendia ficar
sentado aqui a noite toda, fazendo nada. Depois que Blaze voltasse,
depois dele comer as batatas fritas, ele imaginou que iriam perambular
por aí. Ver o que acontecia. Nunca se sabe o que pode acontecer num
lugar desse, numa noite dessa, numa multidão dessa. Uma coisa ele tinha
certeza: Depois do show, ele sempre precisava de algo mais. O que quer
que isso significasse.
Espiando pelos estandes de comida, ele viu Blaze pagando pelas batatas
fritas, Ronnie logo atrás dela. Ele olhou para Ronnie, de novo desejando
que ela olhasse em direção a ele, e eventualmente, ela olhou. Nada de
mais, apenas uma rápida espiada, mas era o suficiente para fazê-lo se
perguntar novamente como ela era na cama.
Provavelmente selvagem, ele pensou. A maioria delas era, com o certo
tipo de encorajamento.
......

Terceiro capítulo

3
...♪...
Ronnie
A feira estava tumultuada. Ou melhor, Ronnie se corrigiu, O Festival de
Frutos do Mar de Wrightsville Beach estava tumultuado. Enquanto ela
pagava por um refrigerante em um dos estandes, ela pôde ver carros
estacionados um ao lado do outro ao longo das duas ruas que davam
para o píer e até notou alguns ousados adolescentes alugando as
calçadas perto da ação.
Porém, até agora, a “ação” estava bem entediante. Ela esperava que a
Roda Gigante fosse permanente e que o píer possuísse lojas como as do
calçadão de Atlantic City. Em outras palavras, ela esperava que aqui fosse
o tipo de lugar que ela poderia se ver passeando no verão. Sem muita
sorte. O festival estava temporariamente localizado no estacionamento
perto do píer, e parecia, na maior parte o tempo, com um pequeno
parque. Os instáveis brinquedos eram parte de um parque viajante, e o
estacionamento estava alinhado com barraquinhas de jogos com preços
absurdos e estandes de comida engordurada. O lugar todo era meio...
nojento.
Não que alguém parecesse compartilhar dessa opinião. O lugar era
apertado. Velhos e jovens, famílias, grupos de estudantes provocando uns
aos outros. Não importava para onde ia, ela sempre parecia lutar contra a
maré de corpos. Suados corpos. Grandes, suados corpos, dos quais fora
esmagada quando a multidão de repente parou. Sem dúvida ambos
haviam comido cachorro-quente e barras de chocolate que ela viu em um
estande. Ela enrugou seu nariz. Tão nojento.
Espiando por uma abertura, ela escorregou para longe dos brinquedos e
das barraquinhas de jogos e se direcionou para o píer. Felizmente, a
multidão diminuiu conforme ela ia para o píer, passando por barraquinhas
vendendo artesanato. Nada que ela pudesse se imaginar comprando —
quem compraria um gnomo construído inteiramente de conchas? Mas é
óbvio que alguém comprava essas coisas ou as barraquinhas não
existiriam. Distraída, tropeçou em uma mesa ocupada por uma mulher
idosa sentada em uma cadeira dobrável. Vestindo uma blusa estampada
com o logotipo da SPCA, ela tinha cabelos brancos e um rosto alegre e
convidativo — o tipo de avó que provavelmente passava o dia todo
cozinhando biscoitos para o Natal, Ronnie supôs. Na mesa em frente a
ela haviam folhetos e uma jarra de doações, junto com uma grande caixa
de papelão. Dentro da caixa estavam quatro filhotinhos cinzas, um deles
saltitou com suas patas traseiras para se espreitar ao lado dela.
“Hey, amiguinho,” ela disse.
A mulher idosa sorriu. “Você quer segurá-lo? Esse é o divertido. O chamo
de Seinfeld.”
O filhote deu um estridente gemido.
“Não, está tudo bem.” Apesar dele ser fofo. Muito fofo, mesmo que
achasse que o nome não combinasse com ele. E ela meio que queria
segurá-lo, mas sabia que não iria querer devolvê-lo se o fizesse. Ela era
uma boba em relação a animais em geral, especialmente os
abandonados. Como esses carinhas. “Eles vão ficar bem, certo? Você
não vai os colocar para dormir, vai?”
“Eles ficarão bem,” a mulher respondeu. “Por isso montamos a mesa.
Assim as pessoas podem adotá-los. Ano passado, encontramos um lar
para mais de trinta animais, e esses quatro já foram reivindicados. Só
estou esperando seus novos donos os levarem para casa. Mas há mais
no abrigo se estiver interessada.
“Só estou visitando,” Ronnie respondeu, assim que gritos romperam da
praia. Ela levantou seu pescoço, tentando ver. “O que está acontecendo?
Um show?”
A mulher balançou a cabeça. “Vôlei de praia. Eles estão jogando há horas
— é algum tipo de campeonato. Você deveria ir assistir. Ouvi os gritos o
dia todo, os jogos devem estar bem excitantes.” Ronnie pensou sobre
isso, imaginando, Por que não? Não poderia ser pior do que já estava por
aqui. Ela jogou alguns dólares na jarra de doações antes de se dirigir à
praia.
O sol estava se pondo, dando ao oceano um resplendor quase dourado.
Na praia, algumas poucas famílias estavam sentadas em toalhas
próximas à água, junto com alguns castelos de areia prestes a serem
varridos pela maré. Carragos se lançavam para cima e para baixo,
caçando caranguejos.
Não demorou muito para ela alcançar a fonte de toda a movimentação.
Assim que ela se aproximava da borda da quadra, ela notou que as outras
garotas na torcida pareciam fixadas em dois jogadores do lado direito.
Nenhuma surpresa. Os dois garotos — da sua idade? Mais velhos? —
eram do tipo que sua amiga Kayla casualmente descreveria como
“colírio”. Embora nenhum deles fosse exatamente o tipo de Ronnie, era
impossível não admirar seus esbeltos e musculosos físicos e a forma que
fluíam pela areia.
Especialmente o mais alto, com cabelo castanho escuro e uma pulseira
de macramê em seu pulso. Kayla definitivamente teria se concentrado
nele — ela sempre preferiu os mais altos — da mesma forma que a
garota loira com um vestido de praia do outro lado da quadra se
concentrava nele. Ronnie havia notado a loira e sua amiga logo quando
chegou. Elas eram ambas magras e bonitas, com deslumbrantes dentes
brancos, e obviamente costumavam ser o centro das atenções e tinham
todos os garotos babando por elas. Elas se mantiveram longe da multidão
e torciam cuidadosamente, provavelmente assim não bagunçariam seus
cabelos. Elas deveriam pendurar uma plaquinha avisando que tudo bem
admirar à distância, mas não chegue muito perto. Ronnie não as
conhecia, mas já não gostava delas.
Ela voltou sua atenção para o jogo bem a tempo de ver os garotos bonitos
marcarem outro ponto. E outro. E mais outro. Ela não sabia quanto tava o
placar, mas era óbvio que eles eram o melhor time. E ainda assim,
enquanto ela assistia, silenciosamente começou a torcer pelo outro time.
Tinha menos a ver com o fato dela sempre torcer pro perdedor — que ela
torcia — e mais a ver com o fato da dupla vencedora a lembrar dos tipos
mimados de escolas particulares que ela algumas vezes se deparava nos
clubes, os garotos da Upper East Side de Dalton e Buckley que pensavam
que eram melhores que todo mundo simplesmente porque seus pais eram
investidores de bancos. Ela tinha visto o suficiente do conhecido grupo de
privilegiados a ponto de reconhecer um membro só de olhar para ele, e
ela apostava sua vida que os dois eram com certeza parte do grupo dos
populares por aqui. Sua suspeita se confirmou após o próximo ponto
quando o parceiro do garoto de cabelo castanho piscou para a amiga da
Barbie loira bronzeada enquanto se preparava para sacar. Nessa cidade,
era claro que as pessoas bonitas se conheciam.
Por que ela não estava surpresa com isso?
O jogo de repente pareceu menos interessante, e ela se virou para ir
embora assim que outro saque navegou sobre a rede. Ela ouviu
vagamente alguém gritando quando a equipe adversária devolveu o
saque, mas antes dela dar mais alguns passos, ela sentiu os
espectadores à sua volta começarem a tropeçar uns nos outros, tirando
seu equilíbrio por um instante.
Um longo instante. Ela se virou bem a tempo de ver um dos jogadores
correndo em sua direção a toda velocidade, levantando sua cabeça,
prestando atenção na instável bola. Ela não teve muito tempo para reagir
antes dele colidir com ela. Ela sentiu ele segurá-la pelos ombros numa
simultânea tentativa de parar o seu ímpeto e a impedir de cair. Ela sentiu
seus braços sacudirem com o impacto e observou quase que em
fascinação enquanto a tampa do copo de isopor voava para fora,
refrigerante formando um arco no ar antes de encharcar seu rosto e sua
blusa.
E então, assim de repente, tudo tinha acabado. Olhando para cima, ela
viu o jogador de cabelos castanhos olhando para ela, seus olhos
arregalados com o choque.
“Você está bem?” ele ofegou.
Ela podia sentir o refrigerante escorrendo pelo seu rosto, ensopando sua
blusa. Vagamente, ela ouviu alguém da multidão começar a rir. E por que
não deveriam rir? Estava sendo um dia tão fantástico.
“Estou bem,” ela retrucou.
“Você tem certeza?” o garoto arfou. Pelo menos, ele pareceu
genuinamente arrependido. “Eu corri em sua direção meio forte.”
“Só... me solta,” ela disse com os dentes cerrados.
Ele não pareceu notar que ainda segurava seus ombros, e suas mãos
imediatamente a liberaram. Ele deu um passo para trás e
automaticamente alcançou sua pulseira. Ele a girava quase que
involuntariamente. “Eu sinto muito. Eu estava indo atrás da bola e—”
“Eu sei o que você estava fazendo,” ela disse. “Eu sobrevivi, okay?”
Com isso, ela se virou, querendo nada além de ir o mais longe possível
daqui. Atrás dela, ela ouviu alguém gritar, “Vamos, Will! Vamos voltar para
o jogo!” mas enquanto ela fazia seu caminho pela multidão, ela estava de
alguma forma ciente que ele continuava a olhando até que ela
desapareceu de sua vista. Sua blusa não estava arruinada, mas isso não
a fazia se sentir muito melhor. Ela gostava dessa blusa, era uma
lembrança do show do Fall Out Boy que ela fugiu para ver com Rick no
ano passado. Sua mãe quase perdeu a paciência por causa disso, e não
era simplesmente porque Rick tinha uma teia de aranha tatuada em sua
nuca e mais piercings na orelha que Kayla; era porque ela tinha mentido
sobre onde eles estavam indo, e ela não tinha voltado para casa até à
tarde do dia seguinte, uma vez que eles acabaram ficando na casa do
irmão de Rick na Filadélfia. Sua mãe proibiu Ronnie de ver ou até mesmo
falar com Rick de novo, uma regra que Ronnie quebrou logo no dia
seguinte.
Não que ela amasse o Rick; francamente, ela nem gostava tanto dele.
Mas ela estava zangada com sua mãe, e parecia certo na hora. Mas
quando ela chegou na casa dele, ele já estava chapado e bêbado de
novo, do mesmo jeito que estava no show, e ela percebeu que se
continuasse vendo ele, ele iria continuar pressionando ela a experimentar
o que fosse que ele estava tomando, assim como tinha feito na noite
anterior. Ela ficou apenas alguns minutos na casa dele antes de ir para a
Union Square pelo resto da tarde, sabendo que tudo estava terminado
entre eles.
Ela não era inocente em relação às drogas. Alguns de seus amigos
fumavam maconha, alguns consumiam cocaína e ecstasy, e um até tinha
o horrível hábito de usar metanfetamina. Todos além dela bebiam nos fins
de semana. Em todos os clubes e festas que ia lhe ofereciam livre acesso
a tudo isso. Ainda assim, parecia que não importava o quanto suas
amigas fumavam ou bebiam e juravam que isso fazia a noite valer à pena,
elas sempre passavam o resto da noite embaralhando suas palavras ou
perdendo o equilíbrio ou vomitando ou perdendo completamente o
controle e fazendo coisas realmente estúpidas. Coisas que normalmente
envolviam algum garoto. Ronnie não queria chegar a esse ponto. Não
depois do que aconteceu com Kayla no inverno passado. Alguém — que
Kayla nunca soube quem — derramou GHB em sua bebida, e apesar dela
ter apenas uma vaga lembrança do que aconteceu depois, ela tinha
certeza que se lembrava de estar em um quarto com três garotos que ela
conheceu pela primeira vez naquela noite. Quando ela acordou na manhã
seguinte, suas roupas estavam espalhadas pelo quarto. Kayla nunca
disse mais nada — ela preferiu fingir que nada aconteceu e se
arrependeu de ter contado tanto para Ronnie — mas não era difícil unir os
pontos.
Quando ela chegou no píer, Ronnie se sentou com seu copo meio vazio e
esfregou furiosamente sua blusa com seu molhado guardanapo. Parecia
estar funcionando, mas o guardanapo se desintegrou em pequenos flocos
que pareciam caspas.
Ótimo.
Ela desejou que o garoto tivesse corrido na direção de outra pessoa. Ela
só estava lá a o que, dez minutos? Quão estranho era que ela se virou
para sair na mesma hora que a bola voou em sua direção? E que ela
estava segurando um refrigerante numa multidão de um jogo de vôlei que
ela nem queria assistir, em um lugar que ela não queria estar? Daqui a
milhões de anos, a mesma coisa poderia nunca acontecer de novo. Com
uma sorte dessa, ela deveria ter jogado na loteria.
E então tinha aquele garoto. O garoto fofo de cabelos e olhos castanhos.
De perto, ela percebeu que ele era mais bonito do que fofo,
especialmente com aquela expressão de... preocupado. Ele talvez fosse
parte dos populares, mas durante um nanosegundo que seus olhos se
encontraram, ela teve a estranha sensação de eles eram tão reais quanto
pareciam. Ronnie balançou a cabeça para limpar sua mente de tais
pensamentos. Claramente o sol havia afetado seu cérebro. Satisfeita que
tinha feito o melhor que podia com o guardanapo, ela pegou o copo de
refrigerante. Ela planejava jogar o resto fora, mas enquanto ela se virava,
ela sentiu o copo ficar entre ela e mais alguém. Dessa vez, nada
aconteceu em câmera lenta; o refrigerante cobriu imediatamente a parte
da frente de sua blusa.
Ela paralisou, olhando para sua blusa sem acreditar. Só pode ser
brincadeira.
Parada na sua frente estava uma garota da sua idade segurando uma
barra de chocolate, parecendo tão surpresa quanto ela. Ela estava vestida
de preto, e seus cabelos pretos possuíam indisciplinados cachos que
contornavam seu rosto. Como Kayla, ela tinha pelo menos seis piercings
em cada orelha, destacando algumas miniaturas de caveiras que pendiam
de seu lóbulo, e sua sombra preta e o delineador lhe davam uma
aparência quase selvagem.
“Que droga é ser você,” ela disse.
“Você acha?”
“Pelo menos o outro lado combina agora.”
“Ah, já entendi. Você está tentando ser engraçada.”
“Mais para brilhante.”
“Então você deveria ter dito algo como ‘Talvez você devesse preferir
garrafinhas.’”
A garota gótica riu, num surpreendente tom de garotinha. “Você não é
daqui, é?”
“Não, sou de Nova Iorque. Estou visitando meu pai.”
“Pelo fim de semana?”
“Não. Por todo o verão.”
“Realmente é uma droga ser você.”
Dessa vez, Ronnie que riu. “Eu sou Ronnie. Abreviação de Veronica.”
“Me chame de Blaze.”
“Blaze?”
“Meu nome na verdade é Galadriel. É do Senhor dos Anéis. Minha mãe é
estranha assim mesmo.”
“Pelo menos ela não te chamou de Gollum.”
“Ou Ronnie.” Inclinando sua cabeça, ela gesticulou sobre seu ombro. “Se
você quiser alguma coisa seca, tem umas blusas do Nemo numa
barraquinha logo ali.”
“Nemo?”
“É, Nemo. Do filme? Peixe laranja e branco, nadadeira menor que a
outra? Fica preso em um aquário e o pai vai procurar por ele?”
“Eu não quero uma blusa do Nemo, okay?”
“Nemo é legal.”
“Talvez, se você tiver seis anos,” Ronnie retrucou.
“Combina com você.”
Antes que Ronnie pudesse responder, ela avistou três garotos fazendo
seu caminho através da multidão. Eles ficaram longe das pessoas na
praia com suas bermudas rasgadas e tatuagens, peitos nus sob as
jaquetas de couro. Um deles tinha um piercing na sobrancelha e estava
carregando um antigo rádio; o outro tinha um moicano branco e braços
cobertos de tatuagens. O terceiro, como Blaze, tinha um longo cabelo
preto em contraste com sua pele branca como leite. Ronnie virou
instintivamente para Blaze, apenas para perceber que Blaze não estava
mais ali. Em seu lugar estava Jonah. “O que você derramou na sua
blusa?” ele perguntou. “Você está toda molhada e pegajosa.”
Ronnie procurou por Blaze, se perguntando aonde ela tinha ido. E por
que. “Só vai embora, okay?”
“Não posso. Papai está procurando por você. Eu acho que ele quer que
você vá pra casa.”
“Onde ele está?”
“Ele parou para ir ao banheiro, mas deve estar aqui a qualquer minuto.”
“Diga a ele que não me viu.”
Jonah pensou sobre isso. “Cinco pratas.”
“O que?”
“Me dá cinco pratas e eu esqueço que te vi.”
“Você está falando sério?”
“Você não tem muito tempo,” ele disse. “Agora são dez pratas.”
Acima da cabeça de Jonah, ela avistou seu pai procurando pela multidão
a sua volta. Instintivamente ela se abaixou, sabendo que não tinha
chances de passar por ele. Ela olhou para seu irmão, o chantagista, que
obviamente sabia disso. Ele era bonitinho e ela o amava e respeitava
suas habilidades de chantagem, mas ainda assim, ele era seu irmão mais
novo. Em um mundo perfeito, ele estaria do seu lado. Mas ele estava?
Claro que não.
“Eu te odeio, sabe,” ela disse.
“É, eu também te odeio. Mas isso ainda vai te custar dez pratas.”
“Que tal cinco?”
“Você perdeu sua chance. Mas seu segredo estará a salvo comigo.” Seu
pai ainda parecia não ter visto eles, mas estava chegando perto.
“Ok,” ela assobiou, cavando em seus bolsos. Ela pegou uma nota
amassada e Jonah a colocou em seu bolso. Espiando sobre seu ombro,
ela viu seu pai se movendo em sua direção, sua cabeça ainda virando de
um lado para o outro, e ela se abaixou pelas barraquinhas. A
surpreendendo, Blaze estava apoiada ao lado de uma barraquinha,
fumando um cigarro.
Ela deu um sorriso forçado. “Problemas com seu pai?”
“Como eu saio daqui?”
“Isso depende de você.” Blaze deu de ombros. “Mas ele sabe que blusa
você está usando.”
Uma hora depois, Ronnie estava sentada ao lado de Blaze em um dos
bancos perto do final do píer, ainda entediada, mas não tanto quanto
antes. Blaze acabou se mostrando uma boa ouvinte, com um estranho
senso de humor — e o melhor de tudo; ela parecia amar Nova Iorque
tanto quanto Ronnie, mesmo que nunca tivesse ido lá. Ela perguntou
sobre as coisas básicas: Times Square e Empire State Building e a
Estátua da Liberdade — armadilhas para turistas que Ronnie tentava
evitar a todo custo. Mas Ronnie se animou descrevendo a verdadeira
Nova Iorque: os clubes em Chelsea, a música em Brooklyn, e os camelôs
de Chinatown, onde era possível comprar CDs piratas ou bolsas Prada
falsas ou basicamente qualquer coisa bem mais barato.
Falar sobre esses lugares a fazia ficar louca para voltar para casa em vez
de estar aqui. Estar em qualquer lugar menos aqui.
“Eu tampouco iria querer vir para cá,” Blaze concordou. “Acredite em mim.
Isso aqui é chato.”
“Quanto tempo você mora aqui?”
“Só durante minha vida toda. Pelo menos eu me visto bem.”
Ronnie havia comprado a blusa estúpida do Nemo, sabendo que parecia
ridícula. GG era o único tamanho que tinha à venda, e a blusa quase
alcançava seus joelhos. Só compensava o fato que depois que ela a
vestiu, ela fora capaz de passar pelo seu pai sem que ele a visse. Blaze
estava certa sobre isso. “Alguém me disse que Nemo era legal.”
“Ela estava mentindo.”
“O que ainda estamos fazendo aqui? Meu pai provavelmente já foi
embora.”
Blaze se virou. “Por quê? Você quer voltar para o parque? Talvez ir na
casa mal assombrada?”
“Não. Mas deve ter alguma outra coisa acontecendo.”
“Ainda não. Mais tarde vai ter. Mas por hora, vamos só esperar.”
“Pelo o que?”
Blaze não respondeu. Em vez disso, ela levantou e se virou de costas,
olhando para a escura água. Seu cabelo se movia com a brisa, e ela
parecia olhar para a lua. “Eu te vi mais cedo, sabe.”
“Quando?”
“Quando você estava no jogo de vôlei.” Ela gesticulou para o píer. “Eu
estava logo ali.”
“E...?”
“Você parecia deslocada.”
“Você também.”
“Por isso eu estava no píer.” Ela pulou em cima da grade e se sentou,
virada para Ronnie. “Eu sei que você não quer estar aqui, mas o que o
seu pai fez para você ficar tão irritada?”
Ronnie limpou suas mãos em sua calça. “É uma longa história.”
“Ele mora com alguma namorada?”
“Eu não acho que ele tenha uma. Por quê?”
“Se considere sortuda.”
“Sobre o que você está falando?”
“Meu pai mora com a namorada. É a terceira desde o divórcio, diga-se de
passagem, e ela é a pior até agora. Ela é apenas alguns anos mais velha
que eu e se veste como uma stripper. Até onde eu sei, ela era uma
stripper. Passo mal sempre que tenho que ir lá. É como se ela não
soubesse como agir perto de mim. Uma hora ela tenta me dar conselhos
como se fosse minha mãe, outra hora ela está tentando ser minha melhor
amiga. Eu odeio ela.”
“E você mora com sua mãe?”
“É. Mas agora ela tem um namorado, e ele está em casa o tempo todo. E
ele também é um perdedor. Ele usa aquela peruca ridícula porque ficou
careca quando tinha tipo vinte anos ou algo assim, e ele está sempre me
dizendo que eu deveria pensar em dar uma chance para a faculdade.
Como se eu ligasse para o que ele pensa. Ele é um idiota, sabe?”
Antes que Ronnie pudesse responder, Blaze pulou da grade. “Vamos.
Acho que está prestes a começar. Você precisa ver isso.”
Ronnie seguiu Blaze pelo píer, em direção a uma multidão que cercava o
que parecia ser um show de rua. Surpresa, ela percebeu que os artistas
eram os três caras que ela tinha visto mais cedo. Dois deles estavam
dançando breakdance com a música que saía do rádio, enquanto o outro
com um longo cabelo preto estava em pé no centro fazendo malabarismo
com o que pareciam bolas de golfe em chamas. De vez enquanto ele
parava de fazer o malabarismo e simplesmente segurava a bola, a
girando entre seus dedos ou a rolando pelas costas de sua mão ou
rolando de um braço para o outro. Duas vezes, ele fechou a mão em volta
da bola de fogo, sem apagá-la, apenas para mover sua mão, permitindo
as chamas escaparem pelas pequenas aberturas entre seus dedos.
“Você o conhece?” Ronnie disse.
Blaze acenou. “Aquele é o Marcus,”
“Ele está usando algum tipo de luva protetora?”
“Não.”
“Aquilo não machuca?”
“Não se você segurar direito. É incrível, não é?”
Ronnie tinha que concordar. Marcus apagou as duas bolas e as
reacendeu apenas as tocando. No chão, estava um chapéu de mágico
virado ao contrário, e Ronnie observava as pessoas começarem a jogar
dinheiro nele.
“Onde ele consegue as bolas de fogo?”
“Ele que faz. Eu posso te mostrar como. Não é difícil. Tudo que você
precisa é de uma blusa de algodão, agulha e linha, e gás.”
À medida que a música continuava a tocar, Marcus atirou as três bolas de
fogo para o garoto com o moicano e acendeu mais duas. Eles fizeram
malabarismo as jogando de um para o outro como palhaços jogam pinos
de boliche no circo, mais rápido e mais rápido, até um arremesso sair
errado.
Exceto que não erravam. O garoto com piercing na sobrancelha pegou a
bola de fogo como se fosse uma bola de futebol e começou a jogá-la de
um pé para o outro como se fosse uma bola comum. Após apagarem as
três bolas, os outros dois fizeram o mesmo, a trupe toda estava chutando
duas bolas de fogo entre eles. O público começou a aplaudir, dinheiro
chovendo dentro do chapéu. Então de uma vez só, pegaram as restantes
bolas de fogo e as apagaram em sintonia com o fim da música. Ronnie
tinha que admitir, ela nunca vira algo do tipo. Marcus andou até Blaze e
lhe deu um longo beijo que parecia extremamente inapropriado para se
dar em público. Ele abriu os olhos lentamente, olhando em direção a
Ronnie antes de se afastar de Blaze.
“Quem é essa?” ele perguntou, gesticulando em direção à Ronnie.
“Essa é a Ronnie,” Blaze disse. “Ela é de Nova Iorque. Acabei de
conhecer.”
Moicano e o Sobrancelha de Piercing se juntaram a Marcus e Blaze a
examinando detalhadamente, fazendo Ronnie se sentir distintamente
desconfortável.
“Nova Iorque, huh?” Marcus perguntou, puxando um isqueiro de seu bolso
e acendendo uma das bolas de fogo. Ele segurou a imóvel orbe
flamejante entre o dedão e o indicador, fazendo Ronnie se perguntar de
novo como ele poderia fazer isso sem se queimar.
“Você gosta de fogo?” ele gritou.
Sem esperar por resposta, ele jogou a bola de fogo em sua direção.
Ronnie pulou para fora do caminho da bola, muito assustada para
responder. A bola aterrissou atrás dela bem na hora que um policial correu
em direção a ela, apagando as chamas com seus pés.
“Você três,” ele gritou, apontando. “Para fora. Agora. Eu já disse que não
podem fazer esse showzinho de vocês no píer, e da próxima vez, eu juro
que vou levá-los comigo.”
Marcus ergueu suas mãos e deu um passo para trás. “Já estávamos indo
embora.”
Os garotos pegaram suas jaquetas e começaram a se mover pelo píer,
em direção aos brinquedos do parque. Blaze os seguiu, deixando Ronnie
sozinha. Ronnie sentiu o olhar do policial nela, mas o ignorou. Em vez
disso, ela hesitou por um momento antes de ir atrás deles.
......